-Eu não faço idéia, não sei se funciona, é tão velho que é possível que esteja quebrado.
-Quando você usou pela última vez?
-Eu nem me lembro, nem sei se quando eu acho que usei eu usei de verdade.
-Acho que dá pra arrumar, tem uns arranhões, mas não é objeto decorativo mesmo né?
-Tem certeza que ainda serve? Que pode funcionar outra vez?
-Eu consertei o meu algumas vezes, voltou a funcionar.
-Algumas vezes? Quer dizer que quebrou de novo?
-É, as vezes quebra mesmo, mas sempre deu conserto.
-Eu não sei não, não sei se vale a pena se vai quebrar de novo.
-Eu não disse q vai quebrar de novo, disse que as vezes quebra.
-Dá na mesma.
-Não, pode ser que fique intacto.
-Isso se eu não usar né?
-Não acho que ele quebre quando você usa, acho que as vezes quebra, e só.
-É tão simples pra você? Não liga se quebrar de novo?
-Eu só tenho esse, tudo que posso fazer é deixar quebrado, o que não resolve nada também.
-Você tem razão e não tem ao mesmo tempo.
-Se o que você quer é uma garantia não posso te dar, dá pra consertar.
-Se quebrar de novo? Ainda conserta? Não tem um tipo de limite?
-Se tem eu não cheguei lá ainda, já consertei muitas vezes.
-Parece tão cansativo, e você ainda parece animada com ele.
-O que eu posso fazer além de consertar de novo, afinal, quando ele funciona é muito bom.
-Isso não dá pra negar, posso pensar se quero consertar? Faz tempo que quebrou e eu deixei ele quebrado, não tenho certeza ainda.
-Pode até pensar, mas os prós e contras não vão mudar, a utilidade dele você conhece, só tem que ponderar se sente falta dele.
-Você nunca tem medo? É tão frágil, tão fácil de quebrar, lembro que cuidava muito bem do meu, mesmo assim ele está quebrado.
-Claro que eu tenho medo, eu morro de medo, as vezes também hesito em consertar, mas guardar a sete chaves torne ele muito pouco funcional, sem a utilidade que ele tem sabe?
-É, eu penso assim também.
-Vai pensar ainda?
-Vai, conserta ele, mal pode fazer, custar, custa muito, mas pode consertar.
-.....
-Não vai consertar?
-Tá pronto.
-Você nem encostou nele.
-Ele conserta sozinho, assim que você quer ele consertado.
-Tipo força do pensamento?
-Tipo isso, eu chamo assim as vezes.
-Tá pronto? Quando eu posso usar?
-Agora, amanhã, quando você decidir.
-É isso, eu tenho um de novo?
-Você sempre teve.
-Mas não funcionava.
-Você não consertou antes.
-É, eu não consertei. Como usa mesmo um coração?
Surge um sorriso e talvez nunca uma resposta.
Vanessa Pelicano
acho que quero consertar o meu também...
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